segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ao Berna com Carinho



Hoje postei nesse blog e como sempre faço fui imediatamente avisar aos meus amigos e leitores de sempre: Guilherme e Bernardo. Cerca de meia hora depois, fiquei sabendo que a mensagem nunca chegaria ao Berna.

Pouco convivi com o Bernardo ao vivo. Nos vimos umas 4 ou 5 vezes quando ele vinha cobrir o NBB ou LDB aqui em Fortaleza. Sempre com um sorriso na cara e sabedoria estampada nos olhos, Berna se vestia, andava, falava e se portava de maneira autêntica. Você percebia de cara que com ele não tinha personagem e nem falsidade.

Já na vida virtual tive mais sorte. Através da magnética bola laranja nos unimos e passamos a "conviver" diariamente. Falávamos muito de basquete mas a camaradagem fez com que passássemos a discutir sobre tudo. O cara era um exemplo. Além da autenticidade outra coisa se destacava nele de uma maneira tão óbvia que era impossível não perceber: a bondade que transbordava. Solidário e com uma capacidade tão humana de se colocar no lugar do outro, o Bernardo era de verdade um exemplo. Um amigo que todos deveriam ter.

Hoje fiquei em choque. Não conseguia acreditar nem aceitar que isso tinha acontecido. Passei o resto do dia relendo suas colunas, nossas conversas e procurando o que ele havia produzido e que eu ainda não conhecia. Acabei encontrando um certo conforto nas palavras do próprio Berna:

"O basquete também não acode o mundo, mas igualmente à literatura, é capaz salvar o minuto.
A bola laranja não pode conter as balas e nem a força da lama que engole tudo. Não estanca o sangue e nem devolve o Doce do rio que agora só amarga.
Não restitui a vida perdida nas explosões e no tsunami de rejeitos, não mata a fome, a sede e nem cura as feridas.
O basquete, por mais incrível que seja, não salva aqueles que perderam a vida, os amigos, os parentes, o tudo. E nem aqueles que seguem vivos para contar os corpos e lavar os copos.
O melhor esporte do mundo não nos recupera das perdas; das pessoas, da água, dos peixes e da fonte de sustento.
Não limpa o mar de sangue parisino, tampouco o mar de lama das Minas Gerais.
Mas o basquete é capaz de muita coisa. De encantar e, como já foi dito, de salvar o minuto, o momento.
Naquela fração de segundo onde a bola viaja pela trajetória, muitas vezes torta, e nossa mente se apaga, pensando somente se ela entra… ou não.
Nos perdemos no voo em busca da cesta, no voo em busca do toco.
No passe inacreditável que contraria a física, que contraria a torcida adversária.
Na beleza de todos os esportes, mas que nenhum, nenhum mesmo, se compara ao nosso.
A luta contra o tempo, o uso do tempo.
Enquanto a bola quica, nosso coração se alegra e esquece do mundo lá fora, cheio de lama, cheio de sangue.
De Paris a Mariana, o basquete não pode ser o messias, mas é capaz de salvar o minuto."
E é por isso Berna, por você, que hoje vou me entupir de bola laranja. Tentando imaginar o que você diria de cada cesta, enterrada ou de uma assistência improvável. Tentando ter minutos de alegria salvos em meio à tanta tristeza.
#RIPBerna


O Sapo Enterrado em Sacramento

Em 2013, os irmãos milionários com nome que já é uma pegadinha, os irmãos Maloof, venderam o Sacramento Kings. O time que fez sucesso no início do milênio passava por uma longa seca de vitórias e com poucas coisas pra comemorar.

O jovem promissor da equipe DeMarcus Cousins era considerado muito imaturo para ser um astro na NBA e o resto do time não prometia nada. O grupo que comprou o Kings em 2013, comandado por um indiano Vivek Alguma Coisa não tinha experiência com franquias esportivas, mas tinha muita boa vontade e estava disposto a deixar a franquia em Sacramento então todo mundo curtiu.

De lá pra cá, ficou claro que a boa vontade de Vivek é superada apenas pela incompetência dele e de seu grupo. A equipe já teve diversos GMs, técnicos e principalmente situações bizarras como:

1) Vivek sugerir publicamente que o time deveria defender apenas com 4 jogadores pro quinto ficar na sobra puxando os contra-ataques.

2) Os Kings contrataram através de uma competição online uma equipe de estatísticos especialistas para auxiliar no processo do Draft 2014. Depois de escolhida, a equipe passou semanas fazendo cálculos e analisando dados para sugerir o melhor nome possível para a escolha número 8 do draft. O projeto foi filmado e virou documentário publicado no Grantland. Os estatísticos então sugeriram que o Kings escolhesse o armador Elfrid Payton, que por acaso, jogava na posição de maior carência da equipe. Vivek estava na "war room" do draft e acabou ignorando a sugestão. Nik Stauskas foi o escolhido. Nik jogava na mesma posição da escolha número 7 do ano anterior Ben McLemore.

3) Esse ano Nik Stauskas foi trocado para o 76ers. O Kings não recebeu nada além do direito de desovar mais dois contratos junto com Nik Stauskas.

4) Os Kings possuem o melhor low post player da NBA em DeMarcus Cousins. Contratou o técnico George Karl que adora jogar com um pace altíssimo. Os dois já tiveram diversos desentendimentos e os rumores de Sacramento ficam variando se Karl será demitido ou se Cousins será trocado.

Mesmo com toda a frustração envolvendo, donos, diretoria e comissão técnica, o time ainda tem bons valores. Por isso mesmo é tão triste ver essa equipe não render. Há tempos que o Oeste não deixa uma vaga de playoff tão em aberto como esse ano. E nem assim um time com Cousins, Rudy Gay e Rajon Rondo consegue se aproximar de acabar com a seca. A equipe ocupa apenas a 13ª posição na conferência e uma nova reformulação não deve demorar para aparecer.

Pelo menos os fãs de Rajon Rondo podem sorrir. O armador parece ter recuperado seu bom basquete nessa temporada: